Todos os dias é preciso lembrar que a desigualdade, em nosso país, tem cor. De acordo com o IBGE, a renda média do trabalho de negros e negras no Brasil – 54% da nossa população – é de R$ 1.570, o que representa menos da metade do salário dos brancos, de R$ 2.814. A taxa de analfabetismo de negros, 9,9%, é mais que do o dobro do índice da população branca, de 4,2%.
Um dos motivos da perpetuação da segregação social no Brasil é o racismo. Diferente do que muitos pensam, racismo é diferente de preconceito. A discriminação racial é uma manutenção da hierarquia de privilégios de brancos perante negros. Um exemplo: a próxima Câmara de Deputados tem somente 24,2% de parlamentares não brancos, enquanto o número de homicídios de negros cresceu 23,1% entre os anos de 2006 e 2016.
Nos espaços de incentivo ao empreendedorismo e ao protagonismo na sociedade, a representatividade também é pouca e o discurso é geralmente voltado ao homem branco. “Aquilo que vocês chamam de empreendedorismo, a periferia sempre chamou de sobrevivência”, conta Monique Evelle, no Festival Social Good Brasil 2016.
No Brasil, os afroempreendedores começam a trabalhar antes dos 18 anos e têm muito menos oportunidades de receber investimentos para desenvolverem suas ideias e empresas. Contudo, para mudar esse cenário, pessoas e organizações desenvolveram iniciativas que expandem as possibilidades da população negra na inovação.
Aqui listamos quatro projetos incríveis em nossa sociedade:
Vale do Dendê:
Com o tema “nosso silício é o dendê”, a organização baiana Vale do Dendê é uma holding social destinada a fomentar ecossistemas de inovação e criatividade com foco em diversidade. Atuando especialmente no fomento ao ecossistema de Salvador, Bahia, o grupo vem desenvolvendo ações em três pilares:
- Investindo em negócios de impacto social e econômico por meio da Aceleradora Vale do Dendê;
- Formando talentos criativos por meio da Vale do Dendê Academy
- Prestando serviços para órgãos públicos e privados por meio de uma consultoria de estratégia
Eles também foram os criadores da Ocupação Afro Futurista, em Salvador, para fomentar a criatividade e o empreendedorismo da população negra baiana.
O criador da Vale do Dendê, Paulo Rogério Nunes, é considerado pela organização MIPAD ligada a ONU como um dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo. Ele palestrou no Festival SGB 2018 sobre o tema “comunidades”. Assista:
Movimento Black Money e Start Black Up:
O Movimento Black Money tem como objetivo estimular o desenvolvimento do afroempreendedorismo jovem. Com foco em comunicação, educação e mídias, a organização produz conteúdos nas áreas de inovação, tecnologia e finanças; além de ofertar cursos de curta duração nas áreas de marketing, gestão e tecnologia.
A comunidade de eventos e networking do Movimento Black Money se chama Start Black Up (SBU). O SBU são eventos para empreendedores e profissionais que desejam começar ou melhorar seus negócios (Start), dentro de uma pauta identitária (Black) com a finalidade de juntar talentos, formar network e incentivar a conexão com investidores que auxiliem a ignição de novos empreendimentos (Up).
A fundadora do Movimento Black Money, Nina Silva, é reconhecida como uma dos 50 profissionais de tecnologia mais influenciadoras do Brasil. Confira a palestra de Nina Silva no Festival Social Good Brasil 2018:
Instituto Feira Preta:
O Instituto Feira Preta faz o mapeamento do afro-empreendedorismo no Brasil. Como aceleradoras e incubadoras de negócios negros em diferentes segmentos, articulam o black money e promovem a educação empreendedora. As atividades do Instituto estão distribuídas em todo o território brasileiro. Adriana Barbosa, fundadora do Instituto Feira Preta, recebeu o prêmio do MIPAD por estar entre os 51 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo em 2017.
A Adriana participou do Festival Social Good Brasil 2017. Clique:
Desabafo social e Fazedores BR:
A Desabafo Social é uma organização que utiliza a comunicação e novas tecnologias para promover Educação em Direitos humanos através de formação e produção de conteúdo. Através do projeto Fazedores BR, vinculado ao Desabafo Social, busca-se promover uma imersão em Direitos Humanos e Produção de Mídias.
A Monique Evelle participou do Festival Social Good Brasil 2016 para contar que existe (muito!) empreendedorismo fora da bolha. Ela também contou sobre sua experiência de montar o Desabafo Social: