Reunimos nesse post seis tendências que devem se tornar cada vez mais presentes na nossa vida nos próximos anos. A hiperconectividade e a democratização da tecnologia devem trazer diferenças significativas para a vida de todos, desde o lazer até os negócios e a saúde. Compilamos estas informações pois estamos cercados das referências quando o assunto é inovação. E, é claro, fizemos um esforço especial para trazer todo este conhecimento para os participantes do SGB Lab 2017.
1- Os desafios globais e suas oportunidades – Institute for the Future
O Institute for the Future desenvolve técnicas de análise do comportamento de pessoas para prever tendências futuras. Eles monitoram e interagem com grupos, e buscam engajar cada vez mais pessoas nesses círculos de comunicação para ampliar o leque de possibilidades estudadas. Assim, conseguem vislumbrar antes de todos alguns desafios que vamos enfrentar no futuro, e assim, ajudar a preparar melhor a sociedade.
Baseado em suas pesquisas desenvolvidas há mais de meio século, cada vez mais o IFTF acredita no poder de democratização da internet ao acesso à muitos serviços que antes eram mediados por grandes corporações. Isso empodera o público, livre do intermédio de grandes corporações para realizar atividades simples como pegar um táxi ou reservar uma viagem.
Dylan Hendricks coordena o Ten Year Forecast, parte do IFTF que estuda previsões para os próximos dez anos. Para ele, a próxima década deve revelar ainda mais novas iniciativas tecnológicas como inteligência artificial, automação e realidade virtual/aumentada.
A partir do alinhamento da tecnologia com o empoderamento econômico e social, será possível criar gestões muito mais acessíveis e transparentes, além sistemas de governança mais eficientes do que seríamos capazes de imaginar.
2 – Futuro do trabalho e holocracia – Perestroika
Na última década, os ambientes de trabalho corporativos foram bastante modificados. O efeito “escritório do Google” se disseminou pelas startups do mundo derrubando as divisórias dos escritórios e valorizando ambientes de trabalho mais integrados, confortáveis e humanos. Nas próximas décadas, a flexibilidade deve chegar também aos modelos de gestão. A Holocracia é um sistema de gestão de negócios criado no Vale do Silício pelo americano Brian Robertson que vem se popularizando. Basicamente, ela é pensada para compreender melhor a complexidade do ser humano no ambiente de trabalho.
O conceito de “cargo” que conhecemos hoje especializa o colaborador em sua função, mas ao mesmo tempo limita e impede seu desenvolvimento em outras áreas.
Em uma holocracia, não existem cargos, mas papéis desempenhados dentro de uma organização. As pessoas têm a oportunidade de trabalhar em diferentes funções e enriquecer as estratégias adotadas, com diversos pontos de vista e comportamentos diante dos desafios.
Para se adaptar às diferenças que virão com a nova maneira de trabalho, a organização deve permitir que ele cresça e às vezes até saia um pouco da rota planejada inicialmente, apostando numa conclusão muito mais rica e eficiente.
A Perestroika, escola criativa criada em Porto Alegre e hoje presente em várias cidades do Brasil, têm adotado alguns conceitos da holocracia. Jean Rosier, um dos fundadores, acredita que descentralizar as lideranças dentro da empresa ajuda em sua expansão. O modelo permite empoderar pessoas de fora mais facilmente para que elas mesmas consigam levar a ideia para outros lugares, ampliando a rede e pluralizando a escola.
3 – Inovação informal e undeground – Alexa Clay
Os termos “economia” e “informal” quando juntos, geralmente não são bem vistos pela grande mídia e pelo governo. O trabalho informal costuma crescer em momentos de crise econômica, e isso durante muito tempo foi interpretado apenas como sintoma de uma economia doente.
Mas quando todo o sistema capitalista começa a ser questionado pelas novas gerações, pode ser que a informalidade e as funções independentes de trabalho sejam uma alternativa. Afinal, uma das maiores tendências econômicas na era digital têm sido reduzir o caminho entre produto ou serviço em cliente, através dos apps e outros recursos.
A pesquisadora estadunidense Alexa Clay pesquisou o trabalho underground em seu livro A economia dos desajustados. Para Alexa, a crise capitalista exige um alto nível de criatividade e inovação que não terá origem no sistema tradicional, mas fora dele. Quer exemplo de um grande desajustado, no ponto de vista de Alexa? Steve Jobs. A pesquisa de Clay estimula as pessoas a saírem da bolha e procurarem soluções longe dos engravatados e do sistema financeiro tradicional.
4 – Métricas de Impacto – Sistema B
Aqui no SGB falamos o tempo todo sobre negócios de impacto social. Um conceito muito utilizado para designar iniciativas com propósito social é “Empresa B”. Essa ideia tem crescido tanto mundialmente que já existem sistemas métricos específicos para mensurar o potencial e o impacto efetivo dessas empresas na sociedade. Através dele, é possível desenvolver do zero uma Empresa B e ajudar a aplicar o conceito em empresas existentes.
Uma avaliação de impacto orienta o empreendedor, através de uma série de perguntas e dinâmicas, a entender o que é preciso para que sua empresa desempenhe um papel melhor na sua comunidade, para seus trabalhadores, clientes e para o meio ambiente.
Depois, é possível comparar os resultados da empresa com outros cases parecidos, e assim traçar uma estratégia de melhoramento.
No Brasil, a Sistema B é a maior especialista sobre o assunto. Eles são uma empresa B certificada e procuram redefinir o sucesso nos negócios, para que um dia todas as empresas possam competir não apenas para ser as melhores do mundo, mas para serem as melhores para o mundo.
5 – Tecnologias e organizações exponenciais – Mirach
Organizações exponenciais, também conhecidas como EXOs (do inglês “Exponential Organizations”), são empresas que atingem, em um mesmo mercado, resultados cerca de dez vezes maiores que seus concorrentes.
Em geral, elas alcançam esse desempenho avassalador em um período de tempo bem curto em atividade. Isso acontece porque elas inovaram na estratégia, entregando seu produto ou serviço de uma maneira nova, funcional e atrativa para os clientes. Também é comum que apliquem conceitos da holocracia na gestão interna.
Elas desenvolvem novas soluções para velhos problemas. Esse fenômeno, que muitas vezes ocorre em plena época de crise, chamou a atenção do mercado, e vem sendo estudados. Exemplos conhecidos são o iPhone, o Uber, Airbnb e Spotify. A fundação Mirach, comandada por Francisco Milagres, estuda este fenômeno no Brasil e desenvolveu um método de transformação de negócios baseado em resultados exponenciais, focado também em negócios de impacto social.
6 – Previsões para o futuro no Brasil – Fundação Telefônica
Nosso país é muito diverso, e com certeza temos belezas e problemas aqui que não se encontram e nenhum outro lugar do planeta. Pensando nisso, a Fundação Telefônica criou o Visões do Futuro +15, iniciativa colaborativa que pesquisa e mapeia tendências para o futuro brasileiro em áreas como tecnologia alinhada à saúde, desigualdade social, transição demográfica, entre outros.
Na saúde, por exemplo, o Visões aponta o uso de inteligência artificial para o processamento de um grande volume de dados (big data) sendo utilizado para acelerar diagnósticos.
Quando isso for utilizado, será necessário ao mesmo tempo desenvolver mais dispositivos de segurança de dados, para proteger tanta informação sensível concentrada em um só lugar.
O futuro da saúde é assunto recorrente destaque frequente em publicações como Fortune, Wired, MIT Tech Review e a transição do modelo de foco na doença para o foco na saúde foi apontada como megatendência por consultorias internacionais como Ernst & Young.