*Por Luize Ribas
Recebida ao som de muitos aplausos e alegria pelos presentes na Arena Inspiração do Festival Social Good Brasil 2018, Nina Silva, com muita energia e bom humor, representou o empoderamento feminino e inspirou verdadeiramente a todos com sua história
Executiva de TI há mais de 16 anos, ela é mentora, escritora e palestrante em temas como gestão de negócios, tecnologia, liderança e diversidade. Nina também é uma das 100 pessoas afrodescentes mais influentes do mundo com menos de 40 anos (Mipad, ONU).
Sim, aos 36 anos, ela tem uma história inspiradora e que a coloca em um lugar de destaque muito especial em nossa sociedade, mas para ela, isso não é o mais importante. O que Nina realmente quer é que outras pessoas negras também ocupem cada vez mais espaços que antes eram destinados apenas a um grupo restrito, aquele formado majoritariamente por “homens, brancos e héteros”.
O que Nina quer é mais diversidade nas empresas e com oportunidades reais e iguais para todos. Essa é uma das bandeiras que ela levanta. Além de uma questão social de extrema necessidade, em sua fala também mostrou dados que apontam que a maior diversidade é lucrativa para as empresas. Quando há diversidade de gênero, o lucro cresce em 21%, e quando há diversidade de raças, 33%.
Sobre ser negro no Brasil
Em uma rápida contextualização, Nina falou sobre o que significa ser negro no Brasil de hoje. Com números de mortalidade maiores do que pessoas brancas, salários menores e sendo as maiores vítimas da violência no Brasil, o cenário não é favorável. Só num rápido exemplo, segundo dados do IPEA, profissionais pardos e negros recebem a metade da média salarial de um profissional branco. Mas o que fazer com tanta desigualdade?
Para Nina Silva, uma dos 50 profissionais de TI mais influentes do país, a forma que ela encontrou foi “hackear o sistema”. Se há tanta discriminação e desigualdade para a população negra que representa a maior parte da população brasileira, o jeito encontrado por Nina para enfrentar isso foi (co)criando um movimento que busca formas de fomentar a educação, cultura, desenvolvimento e afroempreendedorismo por meios próprios criados com este fim.
“O que mais me impactou na fala da Nina foi o empoderamento dela e a sua iniciativa em fazer todo esse movimento”, apontou o empreendedor Alan Pereira. Blumenauense que mora em Florianópolis, ele é um dos tantos participantes do Festival SGB que se inspiraram com a história da Nina e com que ela e outros transformadores sociais e tecnológicos estão fazendo para mudar a realidade de muitas pessoas.
Movimento Black Money
O principal assunto da Nina no Festival SGB foi o Movimento Black Money, que, entre seus objetivos, visa desenvolver uma cultura de consumo afrocentrado e serviços financeiros para um ecossistema de afroempreendedorismo.
O Brasil possui cerca de 11 milhões de empreendedores afrodescendentes, segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Contudo, a maioria destes empreendedores, explica Nina, sente muitas dificuldades em conseguir crédito ou outros tipos de incentivo em instituições financeiras tradicionais.
E para preencher esse vazio há o D’Black Bank, fintech que a Nina Silva também é sócio-fundadora. A proposta desse banco é conectar consumidores e empreendedores e oferecer diversos serviços financeiros digitais com taxas justas e incentivos sociais para projetos educacionais.
Mulheres negras no centro
Além de incentivar o afroempreendedorismo, o Movimento Back Money também tem o foco na educação, comunicação e mídias com produção de conteúdos sobre inovação, tecnologias e finanças.
Um exemplo desse foco em educação é o Afreektech: mulheres negras no centro, programa criado para democratizar o ensino de tecnologias e fomentar o empreendedorismo entre mulheres negras. Atualmente, para que o Afreektech se concretize, está sendo realizada uma campanha de financiamento coletivo no site Benfeitoria, com a qual todos podemos contribuir. A campanha vai até o dia 29 de outubro de 2018.
Nina acredita na importância de termos como referência cada vez mais mulheres negras com forte atuação e destaque em diferentes áreas da sociedade para inspirar meninas negras de que sim, é possível elas serem o que quiserem. Nessa palestra empoderada e inspiradora, a contagiante Nina Silva também fez questão de lembrar e dizer: “Marielle, presente.”
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*Jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, Luize Ribas trabalha com marketing digital em Florianópolis e acredita no poder da comunicação para envolver e engajar as pessoas nas causas que importam.