Em 1965, o co-fundador da Intel, Gordon Moore, observou que, a cada 18 meses, um chip de computador tinha o número de seus componentes de circuito integrado dobrado. A partir dessa observação que vem se mostrando verdadeira até hoje, surgiu a Lei de Moore que, em resumo, afirma que o processamento de um dispositivo fica duas vezes mais rápido a cada um ano e meio pelo mesmo custo. Associe isso à redução de custos de produção e compactação de aparelhos e tchãram: em menos de 50 anos, você é capaz de carregar no bolso usar um smartphone com muito mais recursos do que os primeiros computadores que ocupavam uma sala inteira.
Anos depois, a Lei de Moore serviu como base para o futurista Ray Kurzweil identificar que as tecnologias têm crescimento exponencial e não seguem o nosso pensamento linear. Na prática, isso significa que não conseguimos buscar respostas para as tecnologias futuras analisando o que temos até agora. Além de escritor, empreendedor, inventor e futurista, Kurzweil é conhecido por suas previsões no setor tecnológico. Para o futuro, ele afirma que até 2029 a inteligência artificial atingirá os níveis humanos.
Buscando inspirar e incentivar pessoas a pensar sobre o uso da tecnologia e o impacto no mundo, Ray Kurzweil juntou-se ao empreendedor Peter Diamandis e fundou a Singularity University. Com NASA, Google e outras grandes empresas ao seu lado, a universidade surgiu em 2009 e pretende impactar a vida de 1 bilhão de pessoas em dez anos. A universidade fica em uma unidade da NASA, no Vale do Silício.
Aqui no SGB, estamos mergulhando nesse universo das novas tecnologias e acreditamos no seu uso para a resolução de problemas da humanidade. A ideia do post é funcionar como um glossário, então os termos compilados estão todos em ordem alfabética ?
Vem com a gente conhecer algumas tecnologias emergentes e exemplos que estão mudando o mundo!
BEACONS
Os beacons são pequenos dispositivos que funcionam como GPS para locais fechados. Usando a tecnologia Bluetooth Low Energy, é estabelecida uma conexão com aparelhos móveis – que funcionam como receptores de sinais.
Em 2015, a organização Beacons for Good começou a pesquisar sobre o uso dessa tecnologia para auxiliar deficientes visuais a se orientarem em locais públicos. Conectando os beacons a celulares, os usuários poderiam ser guiados por mensagens sonoras.
BITCOIN E BLOCKCHAIN
O bitcoin é uma moeda virtual independente com altos níveis de criptografia. Foi desenvolvida entre 2008 e 2009 por um programador ou um grupo de programadores com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto. Ele nasceu como uma opção independente de governos e instituições financeiras para a realização de operações financeiras na rede.
A grande diferença do bitcoin para as moedas “tradicionais” é sua descentralização e a desvinculação do seu valor à. Não há uma “casa da moeda” de bitcoins; sua mineração (nome dado à operação virtual que gera a moeda) é feita por milhares de computadores de alta capacidade distribuídos pelo mundo. O software que minera a moeda tem o código aberto e qualquer um com um computador potente pode realizar a operação. Ao mesmo tempo, a programação utilizada impede que alguém produza bitcoins demais e desequilibre a moeda.
Já o blockchain é tudo isso junto. Em uma analogia básica, os bitcoins estão para os e-mails assim como a internet está para o blockchain. Ele funciona como uma grande corrente de transações de bitcoins. Elas são agrupadas em blocos, que, por sua vez, estão conectadas aos blocos anteriores. Dessa forma, para que alguém consiga hackear uma transação, terá de hackear toda a corrente. Quanto mais transações ocorrerem, maior será a complexidade do blockchain — e também sua segurança. Essa tecnologia vai permitir que imigrantes e refugiados possam enviar dinheiro para suas famílias que estão em outro país, por exemplo, de maneira rápida, segura e sem taxas elevadas.
+ Conteúdo SGB: Blockchain, inteligência artificial e dados: como eles já estão impactando a vida de milhares de pessoas
+ “Como o blockchain está mudando o dinheiro e os negócios” com Don Tapscott
CHATBOTS
Os chatbots são programas que interagem com pessoas através da troca de mensagens. Simulando um ser humano, eles podem ter uma linha de respostas contínua e definida (maneira mais comum atualmente) ou utilizar inteligência artificial que permite o aprendizado e aprimoramento da linguagem.
A Beta é uma robô feminista criada pelo coletivo Nossas, uma organização apartidária e sem fins lucrativos que busca a igualdade. Com uma linguagem descontraída e amiga, após a primeira interação com a Beta, ela envia mensagens pelo Facebook quando há uma pauta em votação no Congresso relacionada com a luta feminista. Assim, você pode ajudar compartilhando e dando visibilidade para o projeto de lei, além de pressionar os parlamentares com uma petição online ou enchendo suas caixas de e-mail.
DATA DRIVEN
Ser Data Driven significa ter uma orientação à base de dados. Esse modo de gestão permite que uma empresa ou organização consiga prever resultados a partir das informações que armazenou e interpretou ao longo de um período de tempo. A partir daí, existe o conceito de Data for Good, que é sobre o uso de dados para causar impacto positivo na sociedade.
Os casos brasileiros que têm destaque mundial são os que incentivam Open Data – dados abertos, disponíveis para acesso público – voltados principalmente para os órgãos públicos. A QEdu é um exemplo de organização que utiliza dados para transformar a educação no país, auxiliando os profissionais e interessados a fazerem melhores escolhas nesse setor.
+ Conteúdo SGB: Dados! Oh meu Deus, e agora?
IMPRESSÃO 3D
A impressão 3D é uma tecnologia que permite criar protótipos de maneira rápida. A partir da leitura de um arquivo digital, a máquina estabelece sucessivas camadas de algum material até formar o objeto tridimensional desejado. O custo de produção costuma ser relativamente baixo em várias áreas. A medicina, a moda e a arquitetura são alguns exemplos de áreas beneficiadas.
Em 2013, o SGB Lab ajudou a tirar do papel as ideias para a criação do FabLab Floripa. A iniciativa fazia parte da rede Fab Lab (abreviação em inglês para “Laboratório de Fabricação”) e do movimento maker (uma extensão mais tecnológica do Faça Você Mesmo). Os Fab Labs surgiram com a proposta de permitir que as pessoas fabriquem seus próprios produtos com tecnologia digital em um espaço colaborativo.
+ O que foi o FabLab Floripa
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
A Inteligência Artificial (IA) permite que softwares e dispositivos tenham a capacidade de raciocinar e tomar decisões. Essa tecnologia permite que processos sejam automatizados, facilitando atividades humanas. Aos poucos, a IA vem sendo inserida em nosso cotidiano. Sabe quando o seu corretor automático dá sugestões com base no que você escreve? Pois então, esse é um pequeno exemplo!
As possibilidades para essa tecnologia são ainda maiores. A IBM Research lançou em junho deste ano, o programa Science for Social Good, que busca usar a ciência para causar impacto social positivo. Um dos projetos previstos visa a utilização de inteligência artificial para promover acesso à informação aos analfabetos. A ideia é que o sistema analise textos complexos, extraia a mensagem principal e disponibilize a informação para o usuário como imagem ou mensagem falada simples.
Aqui no Brasil, a inteligência artificial já vem sendo usada para fiscalizar os gastos de deputados federais e garantir transparência pública. A Operação Serenata do Amor é uma iniciativa realizada pela Data Science Brigade e criou a Rosie, uma inteligência artificial, que analisa cada pedido de reembolso dos parlamentares buscando identificar a probabilidade de ilegalidade. Quer saber uma coisa legal? O co-fundador da DSB, Leandro Devegili, já confirmou presença como palestrante no Festival SGB e estará aqui para contar com detalhes sobre esse projeto incrível. YAY!!
+ Entenda a importância da Inteligência Artificial
INTERNET DAS COISAS
Do termo Internet of Things (IoT), o conceito aparece para definir um cenário em que todos os objetos são conectados à internet. A Internet das Coisas permite que dispositivos recebam informações de uma rede externa e, também, estabeleçam uma conexão entre si. É a interação máquina-máquina. Os smartwatches estão em alta e são um ótimo exemplo de IoT: você já havia imaginado acessar seu Twitter por um relógio?
O ViiBus é uma iniciativa que pretende usar essa tecnologia para promover acessibilidade aos deficientes visuais através de pontos de ônibus inteligentes. Um usuário com baixa visão ou cegueira chega ao ponto, lê o painel em braile e seleciona as linhas que deseja pegar. Quando o ônibus estiver próximo, o motorista recebe uma notificação sonora e visual da parada, e um sistema emite uma mensagem de voz para que o usuário seja guiado até o veículo.
NANOTECNOLOGIA
Um nanômetro equivale a um bilionésimo de metro. A Nanotecnologia é a ciência que trabalha com materiais bem pequenos – podendo ser até menores do que uma molécula. Sua aplicação se dá, principalmente, na área da informática, mas suas aplicações podem ocorrer nas mais diversas áreas.
No Peru, o cientista Marino Morikawa usou essa tecnologia e seu poder de mobilização para despoluir uma lagoa em Huaral. Primeiramente, os moradores da região retiraram manualmente o lixo e plantas aquáticas da água. Então, Morikawa usou um dispositivo que ele mesmo criou. O aparelho é conectado a bombas de ar e gera nanobolhas – bolhas de ar minúsculas. As bactérias poluentes ficam presas nessas bolhas e morrem pela falta de alimento. Viu como uma tecnologia tão pequena pode causar um impacto imenso?
REALIDADE VIRTUAL
A Realidade Virtual é uma tecnologia que permite a criação de um ambiente virtual que se aproxime da realidade. A partir de um sistema computadorizado, são emitidos efeitos visuais, sonoros e táteis que proporcionam ao usuário a sensação de estar vivendo algo real. Muito além de jogos, essa tecnologia permite que sejam tratadas fobias, por exemplo. Aqui tem um texto (em inglês) bem legal escrito pelo Bill Gates sobre como a Realidade Virtual pode ajudar no tratamento de doenças.
A VR Together é uma organização que promove ideias, projetos e tecnologias que melhorem as condições de vidas humanas. Um dos projetos cadastrados em sua plataforma pretende, por exemplo, transformar a atual situação no Reino Unido em que apenas 16% da população sabe realizar os procedimentos de primeiros socorros. Os fundadores do Code Blue desejam usar a realidade virtual para que mais pessoas aprendam a salvar vidas de maneira interessante e barata.
ROBÓTICA
O avanço da robótica é impressionante. Os robôs vêm sendo utilizados na produção de alimentos, em cirurgias e até mesmo na produção de conhecimento, transformando dados em textos para grandes jornais.
No Brasil, o progresso na área da saúde é grande. Já foram realizadas cirurgias cardíacas e de próstata, por exemplo. A precisão durante o processo cirúrgico e pós-operatório menos dolorido são algumas das vantagens apontadas por especialistas. Todo o processo é acompanhado por cirurgiões que comandam os robôs.
Social Good Brasil lança primeiro laboratório de tecnologias exponenciais para impacto social do país durante SingularityU Brasil Summit