Empreender na periferia é 37 vezes mais complicado e com mais dificuldade para acessar o capital do que quem empreende em outros lugares. A pesquisa é da FGV em parceria com a Arymax, mas quem trouxe esse dado pra gente foi o Marcelo, DJ Bola, empreendedor social que vive isso na pele, no dia a dia.
Liderança, articulação e desenvolvimento
A trajetória do DJ Bola cruzou com a do Social Good Brasil em 2016. Tivemos o prazer de ter ele como nosso Fellow nesse ano e depois estivemos juntos no Festival SGB e no nosso Workshop de dados em 2018 e 2019. E até hoje somos parceiros.
Para ele, o que fica é o aprendizado sobre o poder da articulação e da relação com os diferentes públicos: “Participar da formação de Fellow SGB fortaleceu minha liderança e os aprendizados enquanto gestor. O propósito de transformação me proporcionou uma mudança de mentalidade na relação do desenvolvimento pessoal e da organização”, afirma.
Mesmo com os desafios para acessar investimento, hoje ele empreende a ANIP – Articuladora de Negócios de Impacto da Periferia, em parceria com a Artemísia e FGVcenn (Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios), e a ABNIP – A Banca Negócios de Impacto da Periferia.
“Empreendedorismo além da Faria Lima”
A Banca como negócio social nasceu a partir de uma nova maneira de enxergar o empreendedorismo: “Quando eu descobri uma narrativa sobre o empreendedor que era pra além do perfil da Faria Lima, eu me posicionei como tal e coloquei A Banca para se tornar um negócio social”, conta Bola. Devido a falta de recursos financeiros por meio de doações, investimento social privado e editais públicos e privados, decidiram oferecer serviços e produtos que dialogassem com sua história, correria, sobrevivência, sonho e luta.
O Bola tem como motivação romper as barreiras socioeconômicas e criar pontes. Ele nos contou sobre o abismo que há um abismo no ecossistema de negócios de impacto social e é necessário exaltar os negócios de impacto social e ambiental que acontecem na periferia: “colocando o empreendedor da periferia como centro e potência, não somente como um cliente, usuário ou beneficiário, tão pouco coitado e carente. Somos muito mais que isso.”
De lá pra cá conseguiram colaborar para o fomento do ecossistema de negócios de impacto na periferia. Bola comenta que antes da ANIP havia poucas oportunidades para quem era morador de periferia, hoje já há aceleradores, fundações, instituições e políticas públicas que olham para esses empreendedores. Porém, ainda estamos longe de ter um equilíbrio. Que sigamos juntos nesse propósito nos próximos 10 anos.