O que mudou nas relações de poder neste século? Como posso utilizar o novo poder para alcançar meus objetivos?
Para responder essas duas perguntas, o keynote speaker do Festival SGB 2018, Henry Timms, escreveu seu livro “New Power” (ainda sem tradução no Brasil). Timms é especialista na criação de comunidades em rede e trabalha em entender como funcionam as conexões humanas no espaço digital, de que maneira podemos transformar isso em ações coletivas e como vamos independizar-nos dos representantes do tradicional ou antigo poder.
Foram três anos que ele e Jeremy Heimans, também autor do livro “New Power”, dedicaram pesquisando e entrevistando pessoas para entender a engrenagem dos movimentos em rede. E o melhor: Timms também colocou tudo isso em prática. O movimento global #GivingTuesday foi criado por ele, e é conhecido no Brasil pelo nome #DiaDeDoar. O resultado final da pesquisa teórica e prática do autor é um guia para criar movimentos de transformação na sociedade, espalhar ideias e arrecadar verba para iniciativas.
Quem vai explicar detalhes do funcionamento do novo poder é o próprio Henry Timms no Festival SGB 2018. Antes disso, para apresentar a opinião do autor, decidimos trazer aqui no blog alguns pontos essenciais sobre como a colaboração em rede já está agindo no mundo e como usá-la para suas ações de impacto social:
O que é o Novo Poder e como ele age frente às antigas formas de poder?
O velho poder é conhecido por todos. Poucos possuem, então ele se torna “fechado, inacessível e controlado pelo líder”. O novo poder é o contrário de tudo isso. São pessoas com vontades ou características em comum que se unem para atingir um objetivo. “É aberto, participativo e baseado nas comunidades de pares”, escreve Henry Timms e Jeremy Heimans.
Aqui vai um exemplo: A plataforma PatientsLikeMe (PacientesComoEu) funciona como uma comunidade de mais de 500 mil pessoas que possuem doenças em tratamento. Ali dentro pacientes do mundo inteiro contam experiências com medicamentos, se fortalecem e trocam conselhos. Muitas delas encontraram possibilidades de cura mais efetivas através da plataforma. Alguns médicos, representantes do antigo poder, foram substituídos por outros com os tratamentos desejados pelos pacientes. Essa questão é, antes de tudo, informação e autonomia para que cada pessoa faça sua escolha diante da apresentação de todas as possibilidades, não somente através do conhecimento e indicação de tratamento dos médicos do entorno.
Mais do que o consumo passivo, o novo poder tem como base a participação e os modelos de distribuição. Uma fala de Henry Timms parece muito acertada: A batalha e o equilíbrio entre o velho e o novo poder serão uma característica definidora da sociedade e dos negócios nos próximos anos.
Quais são alguns dos ingredientes para o Novo Poder?
A chave está em saber como usar as ferramentas disponíveis hoje para aumentar o desejo de participação. Airbnb, Uber e Facebook são algumas das organizações que estão canalizando o novo poder em seus negócios, ainda que mantenham traços do antigo poder.
Comunidade – Crie ou abrace uma comunidade para colocar em prática sua iniciativa. Para chegar aos maiores níveis de participação, pode ser um bom caminho unir-se a pessoas que já possuem conexões. Tente fazer com que sua marca também represente o novo poder, seja no design, posicionamento ou noção de pertencimento.
Usuários ativos – No antigo poder, as organizações tinham controle, propriedade e conhecimento que ninguém mais tinha sobre seus produtos e atividades. No novo poder, os usuários compartilham ideias, criam conteúdos e ferramentas e até constroem uma comunidade com seus pares. Leia a escala de participação que colocamos na imagem há alguns parágrafos. Quanto mais ativas estão as pessoas, mais elas se elevarão na escala.
Enfrentamento a problemas coletivos – Existem diversos grupos e pessoas que criam movimentos para combater problemas em suas comunidades, facilitar processos do dia-a-dia e criar ferramentas de colaboração. Encontre um problema a ser atingido por sua ação e una-se a aqueles que já estão mobilizados com a causa.
Quer saber como o Social Good Brasil utiliza os elementos do novo poder? Ainda que não sejamos uma organização que segue 100% os ensinamentos de Henry Timms, estamos no caminho. Olha aí: