Palestrantes do Festival SGB 2018 debatem sobre o uso de dados para enfrentar desafios históricos
Quando falamos em exponencializar impacto social, temos que estar abertos para aprender a utilizar todas as ferramentas que têm o potencial de aumentar o alcance das iniciativas sociais. Apresentado durante o Festival Social Good Brasil 2018, o painel “Data for Good” trouxe três palestrantes que trabalham no dia-a-dia inovando para resolver problemas da sociedade. Andrew Means, fundador da Data Analysts for Social Good, Jaqueline Buckstegge, do IBPAD, e Fábio Santos, da Letrus, entendem e utilizam a força da ciência de dados para causas como educação e defesa dos direitos humanos: eles aplicam o Data for Good.
Andrew Means é uma das maiores referências mundiais no uso de dados para impacto social. Durante sua carreira, ele se dedicou a criar ferramentas de dados mais eficientes para ajudar organizações a aumentarem seu impacto social no mundo. O painel “Data for Good” foi a segunda vez em que ele esteve no palco do Festival SGB. Andrew foi keynote speaker na edição de 2017 do evento, falando sobre como o uso de dados pode ajudar a combater o tráfico de seres humanos no mundo. Neste ano, ele focou em explicar para organizações sobre a importância e o desafio de tornar-se Data for Good.
“Há tantos problemas que os dados podem nos ajudar a solucionar. Devemos estar abertos a usar qualquer ferramenta disponível e, para nós, os dados podem ser muito poderosos”, fala Andrew, após explicar o que é o Movimento Data for Good. Para o fundador da Data Analysts for Social Good, o primeiro passo para as organizações usarem os dados para impacto social é mudar e investir na cultura da organização:
“Você tem uma cultura que é indagadora e que quer desafiar as decisões que estão tomando? O sinal de que vocês estão entrando para o Data for Good é quando a organização começa a utilizar os dados e as evidências interpretadas neles para tomar decisões. Tudo começa com o desejo e vontade de aprender e indagar sobre a forma como sua organização trabalha. Esse tipo de investimento cultural é a melhor forma para se começar”, diz Andrew Means.
Exemplos de uso de dados para impacto no Brasil
O painel também trouxe dois brasileiros para falar como os dados, na prática, podem ajudar os brasileiros a melhorarem a realidade em que vivem.
Jaqueline Buckstegge é Pesquisadora e Professora no Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), com foco em comportamento político digital. Durante sua trajetória profissional, ela trabalhou com educação em metodologia de pesquisa e análise de dados, e recentemente começou a adaptar a metodologia de ensino para comunidades quilombolas no Pará. “Conhecimento é poder. O meu papel é tradução. Ensino o uso de dados de uma forma com que todos entendam. Dados são conexão e dados são autoconhecimento”, fala Jaque no palco no Festival SGB 2018.
A pesquisadora do IBPAD reforça a fala de Andrew Means sobre como os dados são importantes para solucionar problemas sociais. Ela explica a importância de formar disseminadores do conhecimento sobre o uso de dados para populações como as ribeirinhas, indígenas e de baixa renda. “Há profissionais capacitados em grandes centros, mas não temos nessas populações. Temos que começar a empoderar de verdade”. Jaque e o IBPAD ensinam, com outra linguagem, comunidades a utilizarem dados para, eles próprios, interpretarem e solucionarem seus problemas.
Clique aqui para assistir ao streaming do segundo dia do Festival Social Good Brasil 2018 e conferir o painel Data for Good.
Fábio Santos utiliza o Data for Good no negócio social em que trabalha, a Letrus, que é focada em melhorar a capacidade de escrita de alunos de todo Brasil. E como eles fazem isso? Através de uma inteligência artificial que analisa, com o uso de dados, redações de estudantes e identificam as principais dificuldades dos alunos. “Dentro de um texto, a gente começa a perceber que os estudantes deixam pistas desse aprendizado”, conta Fabinho.
A tecnologia da Letrus faz uma leitura nas redações e entrega, para os professores, um relatório sobre as “pistas” que os alunos deixaram. “Depois de ter todos os dados, a gente consegue oferecer pras redes de ensino e poder público onde a gente pode melhorar”. No entanto, Fábio deixa explícito que a aula e as metodologias continuam sendo do professor. De acordo com o empreendedor, o que a tecnologia faz é auxiliar os profissionais e o poder público na tomada de decisões e na identificação dos potenciais e dificuldades existentes. Dessa forma, contribui para entender demandas específicas das regiões e contribui com melhorias na educação.